O encontro, La nuit à Paris.

Posted by Le Masque Noir






Quem olha para o mar procura alguma coisa. Decerto que sim. Ela sempre chega ao mesmo tempo em que a luz se esvai, parece gostar de ver o pôr-do-sol, de certa forma aquele é o seu santuário.
Sou Mr. Norton, o conselheiro e atual mordomo de Mm. Pandora, sou eu o terceiro par de olhos que vos fará presente desta história.


Mr. NORTON

- Madame, já tardamos demasiadamente, creio que se faz hora de ir.
- Certamente Norton, mas sabes bem que aqui me sinto em paz, se é que isso existe para alguém como eu, esse pores-do-sol ainda me trarão recompensa.
Ela proferiu ironicamente essas últimas palavras, como se não visionasse mais a eternidade, que hoje lhe soava mais como maldição.
- A carruagem está à espera Mm.
- Pois bem, vamos!
Vagarosamente ele desprendeu o último olhar ao horizonte já trajado de negro.
Naquela noite houve silêncio no castelo, foi como se Paris tivesse se calado só para ela. E nesse dia, as estrelas não brilharam no céu.
Meus caros, há muito a vos contar para que entendam o vazio da vida de minha Senhora, mas não sou eu a pessoa mais indicada, só quem está no meio de uma tempestade saberá como levar o barco. Com o perdão, deixarei a vós ainda este vazio de explicação. Por ora me acarreto apensas dos afazeres e do meu raro ócio, hoje é dia de festa, Mm. precisará dos meus cuidados.
- Norton! Venha até aqui por obséquio.
Como de fato, ela já me chama. Devem ser os laços do espartilho, Mm faz muito gosto à perfeição deles. Modéstia parte, eu os faço bem, são uma prática de família.

- Norton, prepare a carruagem, não posso mais tardar, Le nuit me espera. Queres me acompanhar?
- Já estão prontos e ao seu comando Mm. Quanto ao Vosso convite, a acompanharei com todo gosto, será sempre uma honra.

A FESTA

Lá chegando, como de se esperar, ela era a mais bela dama do salão, de longe a mais atrativa e exuberante mediante as demais. Sentada em um local mais reservado, vi se aproximar um estranho, afinei os ouvidos, pois ela poderia precisar de mim.
- Bonsoir Mm., venho a observando por algum tempo, procuras algo por aqui?
- Procuro alguém. O que atrai tal cavalheiro a me observar?
- Há mais coisas entre estes céus e terras...
- Que se possa imaginar. Bem sei eu, senhor... Bem sei... Ela sorriu com escárnio.
- Dar-me-ia a honra de partilhar convosco tal informação, e se me dispuser de condições, ajudá-la?
- Decerto. Petrus, é o nome dele.
- Petrus?! Petrus LeBrank?
Vi minha senhora congelada por alguns segundos, sua pele tinha mais branco que o habitual, prontifiquei-me a ir até lá, mas ela logo retomou as cores e se mexeu.
- Ele! Ela respondeu sem nenhuma reação na face, faltava-lhe uma parte.
- Oh, é um velho amigo, de tempos longínquos.
Jurei neste momento ter visto um brilho diferente na face do cavalheiro estranho que proseava, talvez ele também fosse um solitário, talvez ele também fosse um...
Ah! Creio que penso demais e já começo a passar de protetor para bisbilhoteiro. Sinto as cores queimando em meu rosto. Oh céus! Que vergonha!
- Eu e Petrus caminhamos juntos por muito tempo, sei tanto quanto você. Petrus sempre foi um solitário, ele se sentia bem assim, por isso seguimos cada um o seu rumo.
- Não compreendo, nunca o compreendi, jamais poderia. O Busco desde o FIM. Há de haver algo que justifique, algum propósito em tudo isso.
- Entendo os pormenores de suas palavras Mm, eu a observava pois sabia dos acontecidos, tento a encontrar a algum tempo. Creio no mesmo, algo se fará como propósito...
A conversa soava mais suave, isso me acalmou, sou apenas um pobre e velho mordomo que hoje não passa de uma dama de companhia, irônico não?! Pois, o que se há de fazer? Já que me encontro por aqui, aproveitarei! Os banquetes ostentantes sempre são bem-vindos.
- Mas, Mm. Creio que ainda falta algo. Não nos apresentamos ainda! Sou Nicolai Bovari, é uma honra conhecê-la.

NICOLAI BOVARI

- Como já deves saber, sou Pandora Von Teese. Sinto-me igualmente lisonjeada.
- Sentes fome?
- Um pouco. Respondeu ela, já inquieta.
Minha senhora me interceptou em meio à refeição, ela viera me avisar que já era chegada a sua hora de partir, contudo, ela me concedeu uma noite de ócio. O cavalheiro que a acompanhava puxou duas jovens raparigas que dançavam, ele sem dúvidas possuía dotes de conquista. Eu já sabia dos fins daquela noite, faz parte da Máscara, a gente acaba por se acostumar. Sobretudo, era uma grandiosa festa, e eu não poderia deixar passar tal dispensa inesperada, portanto meus caros, au revoir!

This entry was posted on sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010 at sexta-feira, fevereiro 26, 2010 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

0 tiraram a Máscara.

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